Texto por Revista Planeta – Uma pesquisa do MIT revela que o processo evolutivo equipou os seres humanos com um circuito neural específico para processar músicas de qualquer gênero.
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Não há quem não goste de música, mas até recentemente os pesquisadores não sabiam como ela é identificada ou processada no cérebro. Esse quadro começou a mudar com um artigo publicado em fevereiro na revista Neuron. Resultado de uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), ele indica que o cérebro humano consegue reconhecer a música entre outros sons e que o processo evolutivo dotou nossa raça de um circuito neural específico para identificá-la.
Os dez participantes do estudo ouviram 165 sons diferentes – alguns musicais, outros não –, enquanto se faziam imagens por ressonância magnética funcional (fMRI, na sigla em inglês) de seu córtex auditivo. Em seguida, os pesquisadores analisaram o material coletado à procura de padrões sobrepostos. Descobriram assim seis grupos neurais no córtex auditivo que reagem aos sons. Quatro deles respondem a padrões acústicos característicos, como afinação e modulação; outro é ativado pela fala. O sexto, vizinho ao córtex auditivo primário, é dedicado apenas à música – uma descoberta que surpreendeu os cientistas.
Sam Norman-Haignere, aluno de pós-doutorado no MIT que liderou o estudo, disse que o acúmulo de informações reunidas foi essencial para o êxito. “Se você olha apenas as informações brutas, não encontra evidência clara de seletividade da música”, explica. Apenas ao reunir e analisar as respostas de milhares de neurônios sua equipe detectou o circuito. Esses neurônios são ativados por todos os gêneros musicais – “canções pop, blues, o som de um único violoncelo e até mesmo rap”, diz Norman-Haignere. Entre os sons apresentados no estudo havia “colagens”, sequências com trechos de várias músicas, mas sem integridade musical. O grupo de neurônios encontrado reage mais fracamente a esses sons em relação à música normal, o que indica que o cérebro consegue diferenciá-los.
Para Norman-Haignere, como o circuito fica fora do córtex auditivo primário, deve ter um objetivo intermediário: reconhecer o som bruto como música e talvez repassar essa informação a outros sistemas neurais no cérebro. Além disso, o pesquisador considera que deve haver outro sistema neural dedicado à interpretação da música além do córtex auditivo. “É provável que um conhecimento de música mais explícito e refinado seja abrangido em uma região cerebral diferente do grupo neural que registramos. Poderia até haver outras populações [de neurônios] seletivas à música fora do córtex auditivo.”
Fonte original do texto: Revista Planeta
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