Texto por O Tempo – Estudos mostram benefícios para paciente e seu cônjuge; Uso terapêutico de canções pode trazer maior sensação de bem-estar a cuidador.
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A música pode ser uma importante aliada no tratamento de idosos com demência ao possibilitar o retardo do declínio de funções cognitivas e tornar mais amena a tarefa das pessoas que assumem o papel de cuidadores. É o que apontam pesquisas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de São Paulo (USP), respectivamente.
Desde 2017, pesquisadores mineiros acompanham dois grupos de idosos com quadros de demência em estágio moderado. Dos pacientes que recebem atendimento domiciliar, 20 são assistidos convencionalmente, sem integração com a musicoterapia. A atenção para outros 30 é associada a essa prática integrativa. O estudo será concluído ainda no primeiro semestre deste ano.
“Ao final, o desenvolvimento da demência entre pacientes dos dois grupos vai ser comparado”, adianta Marina Horta Freire, professora de musicoterapia na UFMG e uma das pesquisadoras à frente do estudo. Ela completa que “resultados preliminares já indicam que a musicoterapia contribuiu para um retardo do declínio cognitivo no caso de pacientes atendidos com auxílio da prática integrativa”. Uma melhora nas funções de cognição, humor, socialização, comunicação e motricidade foi observada por Marina.
Outro estudo apresentado no ano passado, no programa de pós-graduação em gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, investigou os efeitos da musicoterapia nas relações familiares conjugais e de amizade de cuidadores que eram cônjuges de pessoas diagnosticadas com Alzheimer em estágio inicial ou moderado.
Ao todo, foram 12 atendimentos semanais direcionados a quatro casais idosos que moravam na capital paulista. A pesquisa identificou que, ao trazer à memória situações vividas juntos a partir de canções do repertório autobiográfico dessas pessoas, sintomas relacionados à demência, como a agitação, são amenizados, possibilitando uma maior qualidade de vida para aqueles que assumiram o papel de cuidadores.
O musicoterapeuta e mestre em gerontologia Mauro Amoroso Pereira Anastácio Júnior, autor do estudo, lembra a enorme influência que a música exerce na vida humana ao estimular sentimentos e sensações e ao remeter a épocas, pessoas, lugares e experiências vividas. Nos resultados apurados por Anastácio, embora os cuidadores se sentissem cansados pelas demandas associadas à doença, a musicoterapia levou momentos prazerosos ao casal, amenizou os sintomas comportamentais dos adoecidos e possibilitou o resgate e a troca de lembranças pessoais.
Pesquisador defende alternativas
“É preciso adotar abordagens terapêuticas para o manejo da doença, uma vez que os medicamentos farmacológicos disponíveis dão conta apenas dos sintomas”, defende o musicoterapeuta e mestre em gerontologia Mauro Amoroso Pereira Anastácio Júnior. Ele lembra que existem mais de cem tipos de demência, uma síndrome cerebral progressiva que afeta a memória, o pensamento, o comportamento e a emoção.
A musicoterapeuta Marina Horta Freire, com base em estudos que embasam sua pesquisa, diz que há fatores principais para a eficácia da musicoterapia no tratamento da demência, como uma valorização do aspecto social, pois a música é um evento de partilha e interação. Também há a melhora de funções cerebrais ligadas à memória. Ela cita que “a adaptação da música à musicalidade do paciente é fundamental para que se alcancem bons resultados terapêuticos”.
Fonte original do texto: O Tempo
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