Texto por G1 – Fundador de programa diz que objetivo ‘não é substituir os compositores humanos.’ A artista Taryn Southern criou um álbum com a tecnologia, sem saber tocar instrumentos.
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Talvez nunca venham a lotar estádios para um show de rock, mas os computadores já são capazes de compor música e de forma bastante convincente, como demonstrado no festival South by Southwest (SXSW) no Texas.
Já foi feito um álbum inteiro com a ajuda da inteligência artificial (IA), algo sem precedentes. Trata-se de “I am AI”, que se traduziria como “Eu sou IA”, da estrela do YouTube Taryn Southern, que não sabe tocar nenhum instrumento.
A artista pop explicou que começou a experimentar com IA dois anos atrás, trabalhando com Amper, um programa de composição de música.
“Em dois dias havia composto uma canção que sentia de fato como sendo minha”, indicou Southern.
“Não dependo necessariamente de outras pessoas”.
Fundado em 2014 em Nova York por um grupo de engenheiros e músicos, o Amper é parte de uma dezena de start-ups que usam inteligência artificial para romper a forma tradicional de fazer música.
O fundador da companhia e CEO Drew Silverstein disse que o objetivo não é substituir os compositores humanos, mas ajudá-los a atingir seus objetivos.
Silverstein afirmou que o programa conta com toneladas de material – desde música para dançar até música clássica – para produzir canções personalizadas.
“A ideia do Amper é permitir que todos possam se expressar através da música, independentemente de seus antecedentes e habilidades”, disse.
Utilizando uma interface bastante simples, o aplicativo permite que o usuário escolha o gênero musical (rap, folclore, rock), um ambiente (feliz, triste, enérgico) e a duração da canção. O usuário então pode variar os tempos e os instrumentos até obter um resultado satisfatório.
Duas canções foram criadas pelo Amper no SXSW: o público escolheu pop e hip-hop como gêneros, e doce e triste como ambiente.
As faixas foram suficientemente agradáveis para o ouvido e perfeitamente utilizáveis como música de fundo para ilustrar um vídeo ou um jogo de computador.
Estas canções foram descritas pelo Amper como “música funcional” e não como “música artística”.
Algoritmo criativo?
Southern disse que editou as canções para seu álbum muitas vezes até chegar à melodia perfeita.
“É uma ferramenta que posso usar em meu processo criativo, ainda sou a editora, estou no assento do motorista”.
Reconheceu, no entanto, estar aterrorizada com as críticas que pode vir a receber quando seu álbum sair à venda, como aconteceu quando foram introduzidos sintetizadores ou softwares para ajudar os artistas a cantar corretamente.
Jay Boisseau, líder em tecnologias informáticas, prevê que no futuro os computadores gerarão cada vez mais músicas, mas que é pouco provável que a máquina substitua totalmente o toque humano.
“Os computadores não são muito criativos”, disse. “Podem encontrar padrões, mas não são como os humanos, não vão além de para o que estão treinadas”.
Lance Weiler concorda.
O cineasta e escritor americano, que usa IA em seu trabalho, disse que a colaboração entre máquinas e artistas não deve ser desprezada, mas destacou que tem limites.
“É como interagir com uma criança”, brincou. “Pode ser muito temperamental e você precisa estabelecer padrões para que não se machuque”.
Silverstein ressaltou que embora a IA tenha sido útil para uma meta objetiva – “uma resposta de sim ou não” -, quando se trata de experimentação artística, está longe de ser perfeita.
Para alguns, estes argumentos não são convincentes, como expressou um músico britânico no SXSW que questionou se o termo criatividade poderia ser aplicado à música gerada por computador.
“É um algoritmo”, disse Boisseau.
“Não quer dizer que as pessoas não vão desfrutá-la, mas não é completamente nova (…) não pode ser considerada ‘criativa'”.
“Ainda não”, respondeu Silverstein.
Fonte original do texto – G1 Globo – https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2019/03/12/inteligencia-artificial-pode-se-tornar-a-nova-estrela-da-musica.ghtml
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