Texto por Minha Vida – Alguns anos atrás, quando era comum passar nos cinemas um curta-metragem antes do filme, assisti um deles chamado “O som nosso de cada dia”, muito interessante e até hoje não me esqueci dele.
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Contava a história de um homem que acordava pela manhã com um som estridente do despertador antigo, daqueles com duas cúpulas. Depois, ia para o banheiro e fazia barba com um barbeador elétrico, bem barulhento. O seu café da manhã era um suco feito em um liquidificador mais barulhento ainda – vale lembrar que os aparelhos eletrodomésticos por mais modernos que estejam não estão mais silenciosos do que os antigos.
Bem, o personagem ia para o trabalho com uma moto que enfumaçava e era super barulhenta. É claro que ao ligá-la pela manhã acordava todos os vizinhos. Passava pela transversal com uma obra infindável e enquanto aguardava o sinal abrir, seus ouvidos doíam pelo nível de ruído da britadeira quebrando o asfalto. Ele era professor de datilografia. Em uma sala com mais de dez alunos, treinando na antiga máquina de escrever, o ruído gerado era ensurdecedor. O prédio ficava ao lado da estrada de ferro. Bem, quando passava o trem…
Durante o almoço ele comia em uma cantina perto do trabalho que ficava ao lado de uma oficina de lanternagem, daquelas que para desamassar tinha que ser à martelada. De volta, passava novamente pela obra na rua e após chegar a casa e tomar banho, fazia a sua refeição ligando a TV. Mais tarde sua mulher o acordava no sofá ao som de um filme de caubói com um som nas alturas.
Somos barulhentos por natureza. Muitas pessoas até se sentem mal em um ambiente muito silencioso. Dizem que o silêncio assusta. Fica evidente que não podemos diminuir o barulho da turbina de um avião, mas normalmente, no nosso dia a dia fazemos muito barulho. Até o costume em falar muito alto atrapalha quem está ao lado. Porque o soltar fogos tão barulhentos? Para as festas, os fogos poderiam ter somente o efeito bonito da pirotecnia. Porque os alto falantes com muita potência nos carros? O som das baladas, da TV e do cinema precisa ser tão alto?
O ruído hoje supera em muito o limite tolerável. As Organizações do Meio Ambiente atribuem às causas dessa forte contaminação acústica à desorganização urbana, ao trânsito, aos hábitos culturais e, sobretudo, à falta de controle dos ruídos industriais. Hoje já se considera que a poluição sonora é uma das causas do estresse e da incidência nociva sobre o bem estar das pessoas.
“O ruído hoje supera em muito o limite tolerável. Hoje já se considera que a poluição sonora é uma das causas do estresse e da incidência nociva sobre o bem estar das pessoas”
Numerosos estudos científicos nos alertam sobre os efeitos prejudiciais que o ruído tem para o ser humano. Variam desde transtornos puramente fisiológicos, com a progressiva perda da audição, até psicológicos ao produzirem irritação e cansaço, que provocam disfunções na vida cotidiana. O rendimento no trabalho cai muito e a relação com os demais fica prejudicada. Os sintomas mais frequentes são: ruídos no interior do ouvido (zumbidos e apitos), cansaço, dores de cabeça, ansiedade e depressão.
Sofremos os efeitos dos ruídos a partir de 70 decibéis (dB), que é a medida do volume do som. O experimento do Dr. Alain Muzet, do Centro de Estudos Bioclimáticos do CNRS (França), chegou à seguinte conclusão: observou-se que as crianças resistiam melhor aos ruídos, os adultos tinham maior capacidade em habituar-se e as pessoas idosas apresentavam grande vulnerabilidade. Os ruídos mais intensos afetavam o sistema cardiovascular.
A pesquisadora do Instituto de Acústica da Espanha, Isabel López Barrios nos diz: “O ruído além de gerar estresse, hipertensão, problemas cardiovasculares e alterações pulmonares, provoca um aumento na secreção de adrenalina, que conduz a uma hiperexcitação capaz de gerar comportamentos estranhos nos indivíduos”.
Um aparelho de ar condicionado ligado indica cerca de 60 dB, o que nos traz algum incômodo. O índice de 70 dB é o ruído transmitido por tráfego médio, grandes lojas, ônibus e restaurantes, onde o aparelho auditivo começa a ressentir-se. A indicação de 85 dB é o limite tolerável, o que seria um motor em funcionamento, tráfego intenso e caminhões. Gritos, motosserra e aparador de grama, produzem 95 dB, índice prejudicial aos ouvidos. Buzina de automóvel a um metro, discotecas, britadeiras, concerto de rock, podem passar dos 115 dB, causadores de dor nos ouvidos.
Não temos a possibilidade de mudar todo esse barulho ao nosso redor. A maneira mais fácil de nos mantermos protegidos dos ruídos é o relaxamento ou a meditação diária. Se possível, pelo menos quatro vezes na semana. O ruído vai continuar, inclusive dentro da nossa casa. Mas se nos dispusermos de vinte a trinta minutos diários a relaxar, a meditar ou a prática da concentração, temos um poderoso antídoto contra a barulheira infernal que tanto nos castiga.
Ao relaxarmos a mente, fazemos com que esta fique tranquila mesmo com os ruídos lá fora. Na verdade ouvimos com o cérebro, e este, nesse momento do relaxamento, deixa de dar atenção ao barulho, diminuindo o estresse e outros sintomas. Para a prática do relaxamento, basta sentar ou deitar e respirar profundamente várias vezes. Dar um comando mental para que todos os problemas da nossa vida fiquem lá fora. O momento do relaxamento deve ser o mais importante para a pessoa.
Mentalizar que todos os músculos do corpo estão relaxados e abandonados. Visualizar que toda a mente e o corpo estão tranquilos. Manter a respiração o tempo todo, profunda, ritmada e suave. Somente isso e, ao longo de uma semana, sentiremos um grande bem-estar, uma diminuição do estresse, e paz. Para a prática da meditação, a pessoa deve se sentar da maneira mais confortável possível, mas com as costas bem eretas.
A prática pode ser feita com os olhos abertos ou fechados. Respirar profundamente dando atenção aos movimentos da respiração, mentalizando a frase, absorvendo energia ou nutrindo o corpo na inspiração, e a frase, devolvendo ao universo, na expiração. Quando a enxurrada de pensamentos chegarem, não se deve dar atenção, eles vêm e vão. Não devemos expulsá-los. A cada pensamento, voltamos à atenção para a respiração. Eis uma prática simples que nos torna mais resistentes aos ruídos de cada dia.
Fonte original do texto: Minha Vida – https://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/11939-barulhos-do-cotidiano-contribuem-para-o-aumento-do-estresse
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