Texto por Revista Galileu – A resposta neuronal das pessoas entra em sincronia quando ouvem uma peça; se som é familiar, engajamento após escuta repetitiva diminui.
Confira também no blog da Fine Sound: “Barulho silencioso”: os ruídos cotidianos que podem causar dor de cabeça
Você junta dinheiro, espera semanas pela sua banda favorita e, no show, encontra um cenário quase mágico: a música captura cada uma das pessoas na multidão, que se conectam com o som de modo apaixonado e empolgado. Para analisar situações como essa e descobrir justamente o que une uma audiência em torno da música, os pesquisadores do The City College of New York (CCNY) e da Universidade do Arkansas estudaram respostas neurológicas, medindo a sincronização dos cérebros dos ouvintes.
“O que é muito empolgante em tudo isso é que, se medirmos ondas cerebrais, nós podemos estudar como as pessoas se sentem com relação à música e o que faz dela algo tão especial”, contou Jens Madsen, um dos autores do estudo.
De acordo com o que foi descoberto por Madsen e Lucas Parra, da Escola de Engenharia da CCNY, e publicado no Scientific Reports, quando um ouvinte se envolve com uma música, a resposta neuronal dele está em sincronia com a dos outros ouvintes; logo, há uma correlação intersubjetiva entre ondas cerebrais.
Ouvindo estímulos
Os pesquisadores utilizaram a correlação intersubjetiva (ISC) para prever como uma audiência é capturada pelo som. O estudo teve um total de 40 participantes e cada um deles contribuiu para um de três experimentos.
Do primeiro experimento, fizeram parte 20 alunos graduandos da Universidade do Arkansas que não eram formados em música. Já o segundo e terceiro contaram com 20 participantes dos quais 10 haviam recebido treino musical de mais de um ano.
O segundo experimento foi uma réplica do primeiro, utilizando o mesmo estímulo (8 peças de música) e envolveu alunos de um grupo cultural diverso, graduados e graduandos da universidade. Já o terceiro teve estímulo adicional (12 peças). Todas as peças foram divididas entre música clássica composta por estilos familiares ou não familiares. É possível ouvi-las nesse link.
Músicas conhecidas em repetição não prendem a atenção
Os cientistas concluíram que o engajamento de um ouvinte a respeito de uma música diminui de acordo com a repetição dela; mas apenas se a peça musical for familiar para quem está ouvindo.
Ainda, estilos de música que não são familiares podem, sim, capturar a atenção da audiência; principalmente para aqueles que têm treinamento musical. “Entre exposições repetitivas para música instrumental, a correlação intersubjetiva diminuiu para músicas escritas em estilos familiares”, escreveram Parra e seus editores no Scientific Reports.
Por outro lado, quem tem conhecimento musical apresentou maior correlação intersubjetiva nas repetições de estilos musicais não-familiares, o que indica que essas pessoas prestam mais atenção ao som. No entanto, o estudo aponta que a relação entre o ISC e o engajamento não é perfeita, de modo que períodos nos quais há baixo ISC, por exemplo, não necessariamente significam que os ouvintes não estejam engajados; mas apontam que, talvez, eles estejam apenas atentos a diversas partes do estímulo da música.
Fonte original do texto: Revista Galileu – https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2019/03/musica-pode-sincronizar-ondas-cerebrais.html
Confira também no blog da Fine Sound: Música é ferramenta que ajuda a socializar e reabilitar pacientes