Texto por Super Interessante – De The Black Eyed Peas a Beethoven, voluntários de um estudo americano classificaram canções de acordo com o que sentiam. Veja o resultado.
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Quem costuma usar o Spotify – ou outro serviço de streaming – para ouvir música provavelmente já gastou um bom tempo tentando escolher a playlist perfeita. Algumas são feitas para relaxar, outras para focar na academia ou nos estudos. Dá até para escolher o que ouvir de acordo com o seu humor atual. Está animado? É só buscar uma playlist good vibes. Querendo curtir a fossa? Há uma série de músicas tristonhas lhe esperando. O fato é que todas as listas, independentemente do estilo, têm um propósito em comum: evocar sensações em que as escuta.
O que os usuários talvez não saibam é que essa seleção pode ter, sim, base científica. Foi o que provou um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Após mapear como canções se ligam a certos sentimentos, eles criaram o mapa interativo que você pode explorar neste link.
“Imagine organizar uma biblioteca vasta e eclética dividida por emoções, que captura a combinação de sentimentos associada a cada música. É basicamente o que o nosso estudo fez”, disse Alan Cowen, pesquisador que liderou o estudo, em comunicado.
Cada categoria foi definida de acordo com a opinião do público. Primeiro, os cientistas usaram a plataforma Mechanical Turk, da Amazon, para entrevistar 2.500 pessoas – todas americanas ou chinesas. Os participantes tinham como tarefa encontrar vídeos musicais no YouTube e separá-los de acordo com os sentimentos que causavam.
Em seguida, outros 2 mil voluntários ouviram as 40 músicas selecionadas pelos pesquisadores após a curadoria do primeiro grupo. Havia de tudo: do rock ao folk, do pop à música clássica. Então, eles tiveram que defini-las entre 28 sentimentos estipulados de antemão. Também precisavam distinguir se o sentimento era positivo ou negativo e qual o nível de exaltação que a melodia causava.
Na última etapa do experimento, mais 1.000 pessoas foram colocadas para ouvir canções chinesas tradicionais e músicas típicas do ocidente. A ideia era ver como ocidentais e orientais se sentiam ao ouvir sons a que não estavam habituados.
Após essas etapas, os cientistas chegaram a uma lista com 13 emoções principais: diversão, alegria, erotismo, beleza, relaxamento, tristeza, sonho, triunfo, ansiedade, medo, irritação, indignação e empolgação.
Canções de jazz ou soul, com suas melodias mais lentas e ideais para criar aquele clima, tinham chance maior de serem incluídas no campo “erotismo”. Enquanto peças de música clássica despertavam o sentimento de tristeza nos usuários com mais frequência, a maioria das músicas que causavam sensação de indignação entram no gênero “rock”. Há também outros consensos: o Hino Nacional Americano, por exemplo, deveria ficar no campo “triunfo” para a maioria dos entrevistados – o que incluía, também, os chineses.
Gênero musicais diferentes também podem explicar uma mesma sensação. Ao navegar pelo mapa, é possível encontrar Pump It, do grupo pop The Black Eyed Peas, ou Talk Dirt to Me, da banda de glam metal Poison, na seção “empolgação”. Shape of You, sucesso na voz de Ed Sheeran, é a cara da alegria – o mesmo vale para Orinoco Flow, de Enya, cantora irlandesa famosa por suas músicas relaxantes.
Vale lembrar que, apesar de caracterizadas em certa “caixinha”, músicas não necessariamente foram apreciadas na mesma medida por todos os participantes. Nem mesmo o rótulo usado pelos pesquisadores para definir cada caso, na verdade, é universal. Ao passar o mouse em cima de cada letra, é possível ver a porcentagem de votos que cada uma das emoções recebeu na hora de caracterizar o som em questão.
Além de servir para plataformas de streaming aprimorarem seu algoritmo de sugestão, pesquisadores acreditam que as descobertas do estudo podem ter aplicação no tratamento de pacientes. Via musicoterapia, é possível aliviar a tensão e minimizar sintomas de diversas problemas – como o estresse. Sabe-se que a música clássica, por exemplo, é amplamente recomendada para estudantes, pois esta estimula a aprendizagem e memória. Que tal colocar Für Elise, de Beethoven, para servir de pano de fundo de sua leitura noturna, ou durante sua próxima sessão de estudos?
Fonte original do texto: Super Interessante
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