Texto por Portal Aprendiz – A música interfere na percepção do sabor? Esta questão motivou a pesquisadora e psicóloga, Viviane Freire Bueno, do Instituto de Psicologia da Universidade São Paulo (IP-USP) a entrevistar crianças, de cinco a 10 anos de idade, de duas creches públicas da cidade de São Paulo, para saber se a compreensão das melodias que ouviam alteravam o sabor dos sucos que tomavam.
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Para manter as crianças motivadas durante o experimento, Freire contou uma história sobre um mago que havia preparado dois sucos – um amargo e um doce – especialmente para elas. “Elas foram orientadas a experimentar uma solução de sacarose (açúcar) e uma de cafeína e identificar o sabor, julgar a sensação do gosto que sentiam e falar como se sentiam ao prová-las”, explica a pesquisadora.
Após a compilação dos dados iniciais, Freire apresentou as mesmas soluções na presença de duas melodias musicais distintas; uma alegre e uma triste e refez as perguntas da primeira parte do experimento. “Houve mudança no julgamento do sabor doce diante da música triste, sendo que este se alterou para não gostoso e o estado de ânimo também se alterou de acordo com a música apresentada. Diante do sabor doce e das músicas tristes, as crianças se sentiram tristes e diante do sabor amargo e das músicas alegres, o ânimo se alterou para alegre”.
Freire percebeu que, enquanto as crianças mais velhas observavam todos os fatores com a mesma importância, as mais novas elegeram um estímulo predominante diante dos apresentados. “Quando a música era triste e o sabor amargo, as crianças ressaltaram o amargo, mas diante da música alegre e do sabor doce, o sabor se tornou mais relevante”, revela.
A psicóloga concluiu então que a música é um agente que pode alterar o ânimo das crianças e até a percepção do gosto e sabor dos alimentos. Para ela, aulas de música, respeitando o contexto em que estão inseridas, são interessantes para as crianças, pois auxiliam e estimulam a comunicação. “A criança é capaz de entender a emoção transmitida pela música e é capaz de comunicar suas emoções por meio dela”, acredita.
Segundo Freire, outras atividades, como dança, artes e até ioga para os pequenos funcionam como um espaço para incentivar a comunicação emocional que, em alguns casos, não acontece verbalmente. “A ioga é uma oportunidade de auto-conhecimento e conhecimento do esquema corporal e é importante que a criança conheça seu corpo”, recomenda.
Fonte original do texto: Portal Aprendiz
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