Texto por Reverb – “Em 40 anos de prática médica, descobri apenas dois tipos de terapias sem o uso de medicamentos realmente importantes para pacientes com doenças neurológicas crônicas: música e jardins”, escreveu Oliver Sacks, médico e professor de neurologia e psiquiatria na universidade de Columbia, em Nova York, ao fim de sua carreira.
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Não é um comentário impressionante vindo de um profissional conhecido por sua visão pouco ortodoxa da medicina, autor de livros brilhantes como “Tempo de Despertar”, “Alucinações Musicais” e “O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu”. É surpreendente, entretanto, descobrir que outros estudiosos ao redor do mundo estão seguindo cada vez mais a mesma linha de pensamento do doutor, falecido em 2015.
Há 60 anos, por exemplo, o tratamento terapêutico a partir da música não era levado a sério, apesar de existir alguns entusiastas do gênero, como o compositor e músico de jazz americano Sun Ra. Nos anos 1950, o empresário do artista marcou um show dentro de um hospital psiquiátrico de Chicago. No meio da sessão, uma mulher que não falava há bastante tempo se levantou e disse: ‘Vocês chamam isso de música?”. Uma impressionante reação para uma pessoa que não conseguia demonstrar sentimentos, mesmo com o uso de remédios.
Relatos como esse foram muito repercutidos na área médica com o passar dos anos e influenciaram profissionais como Oliver Sacks a pesquisar sobre os efeitos da música em diversos tipos de pacientes. Esse interesse repercutiu em artigos científicos que comprovam que tocar bateria e outros instrumentos de precursão ajuda a diminuir a ansiedade, alivia dores, melhora o humor e auxilia crianças autistas no desenvolvimento intelectual.
Outro fato assegurado por médicos e cientistas é que escutar ou tocar jazz promove criatividade, melhora as habilidades matemáticas e estabelece o bem-estar mental e emocional.
Ok, já sabemos que ritmos sincopados têm efeitos maravilhosos em diversas pessoas. Mas, o que dizer da ambiente, que não tem essa mesma característica? De acordo com especialistas, esse gênero musical, cuja invenção é atribuída ao inglês Brian Eno, ex-integrante do Roxy Music e renomado como produtor de David Bowie e U2, parece ter sido feito (coincidentemente) para combater tensões e alguns tipos de doenças.
O artista e acadêmico australiano Luke Jaaniste relatou, em uma de suas pesquisas, que a música ambiente é um “campo universal, sem nada ao redor”. Por isso, ela ajuda as pessoas a “acalmar os pensamentos da mente e utilizar os sentidos para se concentrar no som ao entorno”.
O Dr. John Tully, do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência de Londres, por sua vez, disse que, assim como a música ambient, a música instrumental tem esse mesmo propósito: reduzir a ansiedade crônica, aliviar a dor de pacientes cirúrgicos e diminuir a agitação naqueles que sofrem de demência. Por fim, ela também ajuda no tratamento de pacientes que estão internados no CTI.
Fonte original do texto: Reverb
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